Saiu nos principais veículos de imprensa que o Brasil está passando por um “risco hídrico” e o Governo Federal tem tomado medidas para evitar o racionamento de energia no País. O motivo é a falta de água nos reservatórios das hidrelétricas, situação que se agrava a cada ano.
Enquanto mais de 60 países do mundo implementam políticas públicas para tornar suas matrizes elétricas 100% limpas e renováveis, o Brasil acaba de acionar todas as suas termoelétricas fósseis, mais caras e poluentes do País. O resultado disso é sentido no bolso de todos, já que voltou a ser cobrada a famigerada bandeira vermelha, encarecendo a conta de luz. É mais uma preocupação para os orçamentos das famílias e para a competitividade das empresas.
Porém, muito pode ser feito para aliviar essa conta de luz. A geração própria de energia, feita por sistemas solares, por exemplo, é parte da solução, pois ajuda a reduzir custos do setor elétrico que hoje são repassados aos consumidores brasileiros.
As fontes renováveis, como a solar fotovoltaica, aliviam essa situação, ao mesmo tempo em que trazem mais diversidade e segurança de suprimento à matriz elétrica brasileira. A geração própria de energia solar é limpa, barata e reduz o acionamento das termelétricas, que causam a terrível bandeira vermelha na sua conta de luz e são poluentes.
A evolução da matriz elétrica brasileira, com maior participação das renováveis, é ambientalmente desejável, tecnicamente sólida e economicamente viável. O projeto “Sistemas Energéticos do Futuro: Integrando Fontes Variáveis de Energia Renovável na Matriz Energética do Brasil”, com participação do Ministério de Minas e Energia (MME), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Operador Nacional do Sistema (ONS), em parceria com a entidade do governo alemão Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), analisou, em detalhes, a inserção de grandes quantidades de energia solar e eólica na matriz elétrica brasileira. As conclusões dos três anos de intenso trabalho confirmaram que é possível aumentar a participação destas renováveis em mais de quatro vezes, dos atuais 10% para mais de 40%, mantendo a confiabilidade, segurança e estabilidade, com equilíbrio técnico e econômico para a expansão e operação do sistema elétrico brasileiro.
O estudo demonstrou a forte sinergia entre os recursos renováveis do Brasil, como hídrico, solar, eólico, da biomassa, entre outros. Também desbancou o velho mito de que precisamos de mais termoelétricas para dar apoio às renováveis. Pelo contrário, quem equilibra o sistema quando há variações nos ventos e no sol não são as usinas fósseis, mas sim as hidrelétricas. Por isso, a evolução para uma matriz elétrica 100% renovável é possível e depende mais de vontade e liderança política do que de condições técnicas e econômicas.
Quanto mais usarmos o sol, o vento e a biomassa, menor será a dependência das hidrelétricas. Isso ajuda a aliviar a pressão sobre os recursos hídricos, cada vez mais escassos e preciosos. Com mais água disponível nas usinas, haverá menor uso de termoelétricas fósseis para gerar energia elétrica, o que reduz as nocivas bandeiras vermelhas e alivia a conta de luz da população. A água economizada também poderá ser utilizada em seus outros propósitos para a sociedade, como abastecimento humano, agricultura, criação animal e atividades produtivas.
Outro ponto positivo que beneficia a sociedade é que a energia extraída do sol contribui no combate às mudanças climáticas, reduzindo a emissão de CO2, que tanto mal causa à saúde das pessoas e ao meio ambiente.
Enquanto as usinas termelétricas são instalações que produzem energia elétrica a partir da queima de carvão, óleo combustível ou gás natural em caldeiras projetadas para o combustível específico que será utilizado e ainda que não representem grande participação na matriz energética brasileira, são importantes na manutenção das chamadas energias firmes, principalmente no verão e em horários de maior consumo. Com o seu uso são lançados gases na atmosfera e ocorre o despejo água quente no meio ambiente.
Qualquer que seja o combustível utilizado, a forma de funcionamento da usina é semelhante. A queima de combustível aquece a água de serpentinas que são instaladas ao redor das caldeiras. O aquecimento transforma a água em vapor, que gira as pás de uma turbina, cujo rotor gira junto com o eixo de um gerador, produzindo energia elétrica.
O vapor é resfriado em um condensador e convertido outra vez em água, que volta aos tubos da caldeira, num ciclo de processamento contínuo. A água em circulação serve para esfriar o condensador coletando e expulsando o calor extraído da atmosfera pelas torres de refrigeração.
As torres de resfriamento são grandes estruturas que caracterizam e identificam essas centrais. Parte do calor extraído passa para um rio próximo ou para o mar num impacto ambiental relevante produzido por uma termelétrica. Este calor pode alterar as condições de existência de flora ou fauna e interferir decisivamente como fator limitante para a reprodução de espécies.
O maior impacto ambiental produzido pelas termoelétricas são os gases, muitos deles de efeito estufa. São produzidos óxidos e dióxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio, monóxido e dióxido de carbono, outros gases e particulados. Os óxidos de nitrogênio são formadores de ozônio de baixa altitude, prejudiciais à saúde. A poluição causa problemas respiratórios, como infecções dos brônquios e doenças pulmonares.
Os gases produzidos são vários, muitos deles com emissão amplamente combatida atualmente como o dióxido de carbono e o gás carbônico. A queima do carvão produz também o monóxido de carbono e carbono puro, que são lançados na atmosfera, contribuindo para o aumento do efeito-estufa e piorando a qualidade do ar.
Para evitar altos custos em nossas contas e essas agressões ao meio ambiente, devemos utilizar da grande potência solar do Brasil, que possui níveis de irradiação solar superiores aos países líderes onde o aproveitamento dessa energia é explorado em larga escala.
Só para citar um exemplo, a Alemanha, maior referência mundial em fomento à geração de energia solar fotovoltaica, produz 43 terawats-hora da eletricidade a partir dessa fonte natural. Em nosso país, a produção ultrapassou 5 gigawatts de energia solar no ano passado.
Por isso, embora a energia solar seja realidade em nosso país tropical e ensolarado, precisamos aprovar a regulamentação do uso do sol para que todos os cidadãos possam iluminar seus lares e seus estabelecimentos colaborando para reacender o crescimento do Brasil e sem as temerárias bandeiras na conta de luz do consumidor final, que pressionam o orçamento de cada um.
Fontes:
Estadão – Economia & Negócios – 02/06/2021;
Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).
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