O volume de água nos reservatórios que compõem o SIN (Sistema Interligado Nacional) despencou em menos de cinco meses em razão dos efeitos provocados pela maior estiagem dos últimos 91 anos.
Segundo levantamento, com base em dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), a capacidade de armazenamento das hidrelétricas brasileiras caiu de 68,9% para 28,8% entre os dias 29 de abril e 3 de setembro.
As reduções nos números têm relação direta com a queda do índice pluvial no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, responsável por atender cerca de 70% de toda demanda hidroenergética do país. Ao todo, a capacidade caiu de 40,1% para 20,9%.
Atualmente, sete dos dez reservatórios com menor índice pluviométrico do país pertencem a essa bacia hidrológica. Todas elas, inclusive, estão operando com menos de 18% de sua capacidade.
“O nível de capacidade dos reservatórios brasileiros atingirá níveis ainda mais críticos em novembro, por causa dos efeitos da crise hídrica.”
A afirmação foi feita por Christiano Vieira da Silva, secretário de energia elétrica do MME (Ministério de Minas e Energia), nesta terça-feira (17), em audiência pública realizada pela Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados.
“Devemos chegar em novembro, com os reservatórios operando a níveis muito baixos, com algo em torno de 11 a 14%. O histórico mínimo que nós atingimos nesse período foi em 2014, com 19% no sistema interligado. Quando olhamos apenas para as condições da região Sudeste, estamos falando de chegar aos 8%”, revelou.
Segundo ele, o cenário previsto considera a repetição do volume de chuvas registrado entre outubro e dezembro do ano passado. “Estamos imaginando o mesmo cenário em 2021, com chuvas escassas”, comentou. “É um cenário bastante adverso que estamos considerando. Se vier a chuva, teremos uma situação mais confortável”, ressaltou.
Conforme dados do MME, as hidrelétricas brasileiras não operam com mais de 80% de sua capacidade de armazenamento, durante o período chuvoso, há nove anos. Em novembro do ano passado, no período seco, a capacidade beirava os 30%.
Crise hídrica
A falta de chuvas e de oferta energética, fizeram com que o Governo Federal se visse obrigado a tomar uma série de medidas nos últimos meses para evitar um racionamento de energia junto às famílias brasileiras.
As principais ações aplicadas foram a compra de energia de países vizinhos, como Argentina e Uruguai, e a adesão ao uso das termelétricas – uma fonte mais cara, na qual o custo é repassado ao consumidor.
O acionamento destas usinas, além de fazer com que os brasileiros tivessem que pagar mais caro para utilizar a eletricidade em suas residências, também obrigou a população a lidar com uma alta de preços em outros setores da economia, como no gás de cozinha e nos itens da cesta básica, por causa dos efeitos da inflação.
Renováveis
A ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída) desenvolveu um estudo com o objetivo de encontrar os problemas relacionados à crise hídrica brasileira e, a partir dele, sugerir propostas que ajudem a solucioná-los a curto prazo.
No entendimento da entidade, é mais do que fundamental investir recursos na geração de projetos renováveis visando, primeiramente, reduzir a dependência das hidrelétricas e das termelétricas na matriz energética brasileira.
“Os estímulos à GD (geração distribuída) se justificam pelos potenciais benefícios que tal modalidade pode proporcionar ao sistema elétrico. Entre eles, estão o adiamento de investimentos em expansão dos sistemas de transmissão e distribuição, o baixo impacto ambiental, a redução no carregamento das redes, a minimização das perdas e a diversificação da matriz energética”, destaca o estudo.
Para isso, a ABGD pontua que a aprovação do PL 5829 (para saber mais sobre a PL 5829 clique aqui ) é uma condição inicial para assegurar o crescimento sustentável da GD no Brasil. O texto, de relatoria do deputado federal Lafayette de Andrada (Republicanos/MG), estabelece diretrizes pertinentes à segurança jurídica para investimentos novos e já realizados.
O documento foi aprovado na Câmara dos Deputados no começo do agosto, com quase 99% dos votos. No entanto, para entrar em vigor, a proposta precisa ser aprovada pela maioria dos 81 senadores e, posteriormente, ser sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro.
“Desde 17 de abril de 2012, quando entrou em vigor a Resolução Normativa ANEEL n.º 482/2012, o consumidor brasileiro pode gerar sua própria energia elétrica a partir de fontes renováveis ou cogeração qualificada e inclusive fornecer o excedente para a rede de distribuição de sua localidade. Trata-se da micro e da minigeração distribuídas de energia elétrica, inovações que podem aliar economia financeira, consciência socioambiental e autossustentabilidade”, frisa a ABGD.
Quais serão os benefícios?
Segundo a ABGD, se as medidas propostas forem adotadas será possível “contribuir, de forma rápida e eficaz, para reduzir a escassez hídrica, com a injeção de novos 10 GW de potência instalada, nos próximos dois anos”.
Com a geração desta potência, a associação acredita que seria possível preservar, anualmente, cerca de 15% do atual volume armazenado nos reservatórios, em termos de energia, sem considerar o uso múltiplo das águas.
Além disso, a associação aponta que também seria possível diminuir o risco hidrológico dos reservatórios do SIN (Sistema Interligado Nacional), afastando o risco de racionamento, além de reduzir de forma rápida e eficaz, a necessidade de uso do sistema de Bandeiras Tarifárias, que poderá consumir recursos superiores a R$ 13 bilhões, apenas em 2021.
O estudo ainda pontua que as medidas iriam propiciar uma redução de custos para os consumidores e promoveria um ambiente para alavancar: investimentos privados na ordem de R$ 40 bilhões e a criação de mais 156.000 empregos pelos próximos dois anos.
Por fim. a associação avalia que as ações listadas ajudariam também a reduzir a dependência do país de geração termelétrica e hidrelétrica, que correspondem hoje a mais de 60% do total de energia gerada no país.
Fonte: Canal solar
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